segunda-feira, julho 07, 2008

Sobre o medo...

Amadurecência
(Fernando Anitelli)
Senhoras e sem dores
Bem vindos ao teatro mágico
Parto
Parto...
A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos!
~*~
Passei a semana passada escutando essa faixa. Essa e as outras deste álbum, o 2º Ato do Teatro Mágico. Ela me chamou a atenção porque é justamente como tenho me sentindo. Algo mudou. É intenso. Ouvi a letra, degustei. E para minha surpresa o nome da música Amadurecência. Amadurecer, essência, ciência...
Medo... algo dito durante o fim de semana. Pessoas se despojando e abrindo o jogo. Não, nem tudo foi dito, nem tudo foi proferido. Muita coisa ficou guardada. Muita coisa ficou escondida. Como sempre. Mas será que alguma coisa foi assimilada?!
Penso muito nesse medo que me toma de vez em quando. Esse temor da luz... como a frase “é nossa luz, não nossa escuridão, que nos amedronta...”.
E aí vem o sentimento de fuga. Fugir para me esconder. Dos outros e de mim mesma. Esconder quem eu sou, o que eu sou. Será que vão gostar?! Será que eu dou conta de assumir quem sou?! Mas quem sou?! Eu sou eu acrescida desta outra que vive em mim e está inquieta, louca pra sair. A outra sou eu, não uma segunda de mim, mas eu. A parte de mim que está escondida, medrosa. Que está guardada, adormecida. Mas que está acordando. Está sim inquieta. Está saindo do estado de torpor. Está se nutrindo de forças, energia e sabedoria para driblar obstáculos como acomodação, rotina e tantas outras coisas já estabelecidas e determinadas por sei lá quem.
Sei lá quem mesmo, porque não fui eu que estabeleci. Foi algo que me foi imposto e de uma forma tão sutil que descobri recentemente, depois de crescida (e não amadurecida).
Estou amadurecendo sim. E descobrindo mais e mais que não estou perdendo minha essência e sim descobrindo a parte dela que estava escondida. Preciso olhar mais para os lados. Ver mais as pessoas, ver mais pessoas. Conhecê-las, reconhecê-las.
Preciso tirar as vendas. Preciso ouvir mais, sentir mais, ver mais, viver mais.
Preciso sim me despojar de meus medos e de minha armadura. Termina de quebrar a redoma de vidro. E partir. Ver o mundo com outros olhos, na verdade com meus olhos.
Não sei mais onde comecei nem como, mas isso não importa, o que importa é que comecei e não quero parar. É quase uma ladeira. E eu não acho o freio. Não posso mais ter medo, principalmente não posso ter medo da dor. Não posso ter medo de me machucar. Porque vai doer, mas a dor só nos torna mais fortes. E é como encaro essas dores que me farão ou não permanecer doce. Sentir a dor sem endurecer. Sem esmorecer.
E que a poesia prevaleça
E que a cor prevaleça
E que o som prevaleça
E que a música prevaleça!
E que a vida prevaleça

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